Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1047-2 | ||||
Resumo:O Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus potencialmente oncogênico, sexualmente transmissível, causador do câncer cervical, umas das formas de câncer mais prevalentes em mulheres no mundo. A infecção por este vírus é ainda mais frequente em mulheres que também se encontram infectadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), por conta do imunocomprometimento. Este estudo teve como objetivo comparar a eficácia do exame citológico de Papanicolau e da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) na detecção da infecção por HPV, tanto separadamente quanto em combinação, como parte da triagem de rotina em mulheres que vivem com o HIV (MVHA). Além disso, se objetivou correlacionar estes resultados com os parâmetros clínicos e laboratoriais relacionados ao HIV, e com
variáveis socioepidemiológicas das pacientes. Para isto, esfregaços cervicais de 100 mulheres foram coletados. A detecção do HPV foi realizada pela PCR convencional com primers MY09/11, e a genotipagem pela técnica de Hibridização em Microarranjo de DNA. Através de uma consulta aos prontuários obtivemos a contagem de linfócitos T CD4+ que foi realizada por citometria de fluxo, e a quantificação da carga viral do HIV por PCR em tempo real. Os resultados foram correlacionados com os resultados do exame de Papanicolau. Das 100 mulheres analisadas, 29% se encontraram infectadas por HPV. Foi detectada a presença de 14 genótipos virais diferentes, dos quais os mais prevalentes foram os HPV 6 (26%), 18 (18%), 11 (15%) e 16 (11%). Pelo exame citológico de Papanicolau, 16%
demonstraram citologia alterada (lesão de alto e baixo grau [H-SIL e L-SIL] ou carcinoma). Houve correlação entre a carga viral e os resultados da citologia (p = 0,02). Isto sugere que a presença do HIV pode afetar a suscetibilidade à infecção por HPV, mas variações na carga viral não necessariamente estão associada a variações na ocorrência de alterações citológicas. Também obtivemos correlação entre a detecção de HPV pela PCR e os resultados citológicos (p < 0,001). Assim, das amostras com resultado citológico alterado, 94% (N = 15/16) foram positivas para a presença do DNA do HPV. Já dentre as amostras com resultado citológico normal, 17% (N = 14/84) foram positivas para o HPV na PCR. Nas análises estatísticas os intervalos de confiança foram mantidos a 95% e p < 0,05. Desse modo, a incorporação da PCR de forma combinada ao exame citológico na triagem diagnóstica mostrou-se eficaz, proporcionando uma detecção mais sensível e precisa das infecções por HPV. Os dados dão suporte a incorporação da biologia molecular ao rastreamento primário do HPV, sobretudo na população alvo do nosso trabalho, às MVHA. Palavras-chave: PCR, Papanicolau, Papilomavírus humano, Vírus da imunodeficiência humana Agência de fomento:CAPES |